terça-feira, 24 de abril de 2012

Choque de civilizações

terça-feira, 24 de abril de 2012

Introdução sobre o choque de civilizações

A religião tem um papel preponderante nos principais conflitos do mundo contemporâneo, mais importante do que as disputas entre os grandes sistemas político-ideológicos. Em vez do embate entre democracia liberal e comunismo, que marcou boa parte do século 20 durante a Guerra Fria, emerge um confronto entre os sistemas sociais e culturais baseados no Islamismo e os fundamentados nas religiões judaico-cristãs. Essa ideia faz parte de uma polêmica tese que ganhou força no começo do novo milênio em função dos ataques terroristas do 11 de setembro de 2001.
Chamada de "choque de civilizações", essa tese foi levantada e defendida pelo cientista político norte-americano Samuel Huntington em 1993, num artigo publicado na conceituada revista "Foreign Affairs". Num momento de otimismo do liberalismo, com o fim da União Soviética e o desmantelamento dos principais regimes socialistas e de consolidação da absoluta superioridade militar e econômica dos Estados Unidos, Huntington enxergou um horizonte pessimista, no qual haveria um declínio da hegemonia ocidental e a religião assumiria um papel até então reservado às grandes ideologias.

Para os defensores da ideia do confronto entre civilizações, o terrorismo internacional associado ao Islamismo que surgiu no início do século 21 serviu para confirmar a análise de Huntington, que foi considerada premonitória por ter sido escrita quase que uma década antes. Mas muitos estudiosos discordam dessa ideia. Os críticos da tese do "choque de civilizações" argumentam que há muitas imprecisões e contradições nas ideias de Huntington, a começar que não é tão simples assim definir o que são civilizações. Há defensores e os críticos da polêmica tese do "choque de civilizações".




O mapa das principais civilizações, segundo Huntington.
vermelho escuro: Civilização sínica
vermelho: Civilização nipônica
laranja: Civilização hindu
amarelo: Civilização budista
verde: Civilização islâmica
azul escuro: Civilização ocidental
roxo: Civilização latinoamericana
azul claro: Civilização ortodoxa
marrom: Civilização subsaariana
cinza: antigas colônias do Reino Unido
turquesa: Turquia
azul: Israel
marrom claro: Etiópia
verde claro: Haiti


Cruzadas© istockphoto.com /Duncan1890
Segundo Huntington, "a História da humanidade é a História das civilizações". Desde a civilização egípcia da Antiguidade até a europeia dos tempos contemporâneos, são as civilizações, concebidas como entidades culturais, que proporcionam as identificações mais amplas para os povos. As civilizações, no entanto, não têm limites estáticos já que os povos redefinem constantemente suas identidades culturais alterando as fronteiras de cada civilização, e apesar de durarem muito tempo, elas são mortais. Assim, ao longo da História, surgiram, se desenvolveram e morreram as civilizações mesopotâmica, egípcia, cretense, clássica (greco-romana), bizantina, mesoamericana e andina. Atualmente, existiriam as civilizações ocidental, islâmica, chinesa, japonesa, indiana, latino-americana e, provavelmente, uma africana abaixo do deserto do Saara.

Huntington destaca que, dentre todos os elementos culturais que definem uma civilização - como língua, valores morais, costumes e estilo de vida, instituições e uma auto-identificação subjetiva das pessoas - é a religião o mais importante deles. Tanto que as quatro maiores religiões mundiais - Cristianismo, Islamismo, Confucionismo e Hinduísmo - constituem, para ele, os alicerces das principais civilizações contemporâneas.